
«Não
deverá haver biblioteca escolar que se preze que não possua no seu
acervo algumas das edições deste livrinho de Guerra Junqueiro, publicado
pela primeira vez em 1877 - sob o título de CONTOS PARA A INFÂNCIA, a
que é acrescentado, na página do rosto "Escolhidos dos melhores
autores”- e reeditado desde então mais de uma dezena de vezes.
A 2ª
edição da obra, em 1881, "aumentada e adornada de gravuras e aprovada
pelo Conselho de Instrução Publica, para uso das escolas", parece com
este aval permitir que se cumpra o objectivo que orientou o escritor na
elaboração desta antologia. Com efeito, na 2ª edição, os contos são
precedidos por "Duas Palavras", uma brevíssima introdução em que o autor
expõe com lirismo a sua visão da educação ideal e do que entende ser a
leitura mais adequada para as crianças.
"O leite é o alimento do
berço, o livro o alimento da escola. Entre ambos devera existir
analogia: pureza, fecundidade, simplicidade." escreve nessa introdução
Guerra Junqueiro entre outras considerações. Já no seu poema "A Escola
Portuguesa" (in A Musa em Férias, 1878), opinara sobre a “hedionda
prisão”, a escola de então, e os “horríveis” versos e prosas que as
crianças eram obrigadas a soletrar. Nada mais natural que reunisse na
sua antologia alguns textos simples que pudessem colmatar a falta
sentida: “Reuni para ele tudo o que vi de mais singelo, mais gracioso e
mais humano” (ibidem).
Ao longo de gerações, os contos coligidos por
Guerra Junqueiro foram e continuam a ser reproduzidos nos livros
escolares (livros de leitura, compêndios, manuais). Atualmente até já há
edições digitais da obra; entretanto, a sua visibilidade adquiriu um
novo estatuto pois três das histórias - "O Fato Novo do Sultão", "Boa
Sentença" e "João Pateta"- passaram a integrar a lista das obras de
Iniciação à Educação Literária (para o 3º ano), das novas Metas
Curriculares.
A boa estrela desta antologia tem inspirado alguns
investigadores dedicados e é graças a eles que podemos ficar a conhecer a
história desses contos.» Manuela D.L. Ramos
Edição/reimpressão: 2007
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