segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"Os Isidros, a epopeia de uma família de cristãos-novos de Torre de Moncorvo"


Os Isidros, a epopeia de uma família de cristãos-novos de Torre de Moncorvo, de Maria Fernanda Guimarães e António Júlio Andrade

É uma obra de investigação histórica, na qual os autores seguem esta família ao longo de várias gerações, praticamente ao longo da Inquisição. É uma família que tem origem em Torre de Moncorvo mas que, pelo seu dinamismo e empreendedorismo, alguns dos seus descendentes acabam por se destacar no contexto social da época, mesmo em período de perseguição. Muitos deles estiveram presos nos cárceres da Inquisição e acabaram por deixar marcas fortes do marranismo ao longo das suas existências.

Em língua castelha, um autor anónimo, à época residente em Madrid, deixou registadas em um pequeno caderno, entre outras, as seguintes notas:
* 22 de Agosto de 1654 – Ninguém mais confia nos banqueiros portugueses. Estão falidos e fogem da Inquisição. Asseguram-me que, depois do auto-de-fé de Cuenca, mais de 200 famílias fugiram durante a noite. Isso é o que o medo pode fazer.
* 18 de Setembro de 1654 – Desde sábado último, a Inquisição prendeu em Madrid 17 famílias portugueses… Diz-se com muita certeza que não há um português com elevada categoria que não seja cripto-judeu.
* 17 de Maio de 1655 – Em Sevilha, no começo de Abril, quatro ricos mercadores portugueses foram presos pela Inquisição.
* 29 de Maio de 1655 – Os ricos irmãos Cardoso que geriam os impostos de várias províncias, fugiram porque um chantagista ameaçara depor afirmando que eles eram judaizantes, a menos que pagassem pelo seu silêncio. Face à impossibilidade de terem que provar tratar-se de falso testemunho, preferiram fugir ao castigo a permanecer na prisão até que se restabelecesse a verdade.
* 22 de Julho de 1655 – Os Cardoso fugiram para Amesterdão, levando consigo 200 000 ducados em lãs e 250 000 em ouro. Diz-se que foram fugidos à inquisição. Eles procuram uma terra para viver em liberdade.
O texto é bem elucidativo e leva-nos à casa comercial de Don Juan Rodriguez Cardoso – como todos o tratavam e ele gostava que se dissesse – e à sua residência de Mósteles, nos arredores de Madrid. E ele e sua mulher, Maria Henriques, terão nessa altura partido para Bayonne. Tê-los-ão acompanhado outros familiares, entre os quais o filho mais velho, Manuel Rodrigues Cardoso, nascido em Torre de Moncorvo em 1625 e que casara com sua prima co-irmã, Maria de la Peña, como atrás se disse.
Elucidativa é também a seguinte denúncia então chegada à Inquisição espanhola:
- Disse que este (D. Juan R. Cardoso) também era muito bom biscainho e muito observante da lei do Todo Poderoso Deus de Israel e que estava retirado em Mósteles e que era muito astuto porque se por acaso diziam algo contra ele na Inquisição, tinha consigo Don Fulano Belásquez, cavaleiro da ordem de Santiago e que havia sido cavaleiro do Condestável de Castela, para que este senhor servisse de defesa, ao qual pagava a renda para que informasse que não era judeu.
Mas nem toda a família Isidro abandonou Castela e na casa de Mósteles ficaria um outro filho de Don Juan, o Luís Marques Cardoso que já vimos em Sevilha, casado com sua prima Aldonça Cardoso Velasco. Dele falaremos no capítulo seguinte. Agora vamos apenas contar um episódio protagonizado por sua mulher e que mostra bem como os cristãos-novos viviam em permanente clima de medo e sujeitos a contínuos actos de chantagem.
Encontrava-se D. Aldonça, em certa ocasião, numa rua de Madrid, em um aparatoso coche, bem ataviada, com um gibão de veludo verde, quando se aproximaram quatro mulheres embuçadas e se lhe dirigiram nos seguintes termos:
- Melhor te ficaria o sambenito que te puseram na Inquisição do que esse gibão de veludo. Nós sabemos quem tu és e podíamos denunciar-te.

Guerrilheiros Antifranquistas em Trás-os-Montes

Guerrilheiros Antifranquistas em Trás-os-Montes , de Bento da Cruz

http://www.ancora-editora.pt/index1.htm

 
Preço de capa€16,00 (com IVA) Número de páginas232
Formato150 x 230 mm
Código14010ISBN972 780 156 0Edição2.ª ed. -Abril de 2005
 De 1936 a 1946, as pacatas aldeias transmontanas mais chegadas à raia foram invadidas por espanhóis.
Não em pé de guerra, bem entendido. Mas metaforicamente invadidas. Primeiro, pelos refugiados.
Depois pelos guerrilheiros. Uns e outros deram azo
a acontecimentos que, à força de passarem de boca em boca, se tornaram lendários. Isso mesmo.
O Juan, é um mito. O Garcia, para lá caminha.
O Pinto, um anti-herói. O Pereira, o bode expiatório.
O Nacho, o vilão da fita. O cerco da Guarda Nacional Republicana ao Cambedo, a batalha. Os que passaram pela PIDE, pela cadeia, pelo Tribunal Militar e pelo Plenário, os mártires. Foi criada, ultimamente, em Espanha, a Asociación para a Recuperación da Memoria Histórica que se tem dedicado a exumar valas comuns de patriotas assassinados pelo franquismo. Este livro é isso mesmo. Uma comovida e apaixon