Jorge Carvalheira | |||
Preço de capa€25,00Número de páginas192
Formato220 mm x 280 mm |
É muito antigo o espírito do romeiro, que vai ao encontro do sagrado à força duma fé.
Este peregrino guarda o seu bem preservado. Um dia calçou as botas e meteu pés ao caminho, per agros foi, fez o que lhe competia.
Não levava promessas a cumprir, porque as não faz. Tão pouco ia à procura de indulgências em que não acredita. Mas lá tinha as suas crenças num orago velho, ou nalgum milagre dele, o seu país mais antigo da Europa.
Foi por montes e por vales, por estradinhas antigas e modernas, por veredas, por carreiros, por atalhos.
Viu paisagens e castelos, viu obras pias e muitas malfeitorias, viu escassas alegrias e uma grande solidão.
Já de maravilhas e milagres não enxergou sinal.
Encontrou terras e bichos e almas penadas, e escassas gentes que ouviu e a quem se deu a ouvir. Se for verdade que no pouco se vê o muito, viu um país partido em dois países. Um que ficou com a história mas perdeu o futuro, a arquejar debaixo
dela. E o outro que se agita à procura do sucesso, alheado do passado, bêbado de ilusões.
De tudo quanto deu fé deixa relato.
O leitor encontra nele verdades e fantasias, muitos anseios e realidades duras, e glórias mais passadas que futuras.
Não se querendo confiar, o mais que o leitor tem a fazer é ir lá ver.
Porque os países da literatura são todos inventados.
Só existem se lá formos.
do Preâmbulo
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Jorge Carvalheira nasceu no concelho de Trancoso, em 1943.
Andou no seminário do Fundão e fez o ensino secundário no Liceu Nacional da Guarda, em 1963.
Foi piloto militar durante muito tempo em Angola e Guiné.
Fez um mestrado em Cultura Alemã na Uninova.
Em 2002 publicou O Mensário do Corvo e em 2007 publicou As Aves Levantam Contra o Vento.