sábado, 28 de fevereiro de 2015

Dicionário de português europeu para brasileiros e vice-versa

Um cheirinho do meu último trabalho (quase concluído).

G

gabaritar v. t. B Acertar todas as questões de (prova geralmente de múltipla escolha), conforme o gabarito. <apenas um aluno gabaritou o exame>
gabarito n.m. B Tabela de respostas corretas às questões de uma prova, especialmente de escolha múltipla.
gaibéu n.m. P RIB Trabalhador agrícola que trabalha nas lezírias do Ribatejo.
gaivota n.f. P Pequeno barco que se move a pedais usado especialmente em lagos e rios de águas calmas, próprio para o lazer. [Brasil] Pedalinho.
gajo n.m. P (calão) Qualquer pessoa cujo nome se desconhece ou se quer omitir. <esse gajo não me deixa em paz> [Brasil] Corresponde mais ou menos ao vocábulo brasileiro cara.
galão n.m. P Bebida de leite com café servida em copo alto.
galdéria n.f. P Mulher de vida dissoluta; prostituta.
galdério adj. e n.m. P Diz-se de ou indivíduo vadio, trampolineiro.
galegada n.f. B inform. pej. Ato, dito ou comportamento próprio de galego (‘indivíduo nascido em Portugal’).
galego n.m. 1 P inform. Indivíduo que trabalha arduamente. <trabalhou como um galego para educar os filhos> 2 P pej. Indivíduo grosseiro, labrego. 3 B pej. Indivíduo nascido em Portugal, especialmente os de baixo nível cultural.
galera n.f. 1 (D)ESP B Conjunto de indivíduos que, em um (num) evento (d)esportivo, torcem por uma equipe (equipa) ou por um participante. <2 B inform. Conjunto de amigos, de camaradas de trabalho, de pessoas que mantêm uma relação próxima. <oi, galera, tudo legal?>. [Portugal] Malta; pessoal.
galeto /ê/ n.m. 1 CUL B Frango novo que se prepara assado no espeto. 2 B Estabelecimento onde se comercializa esse prato.
galheta /ê/ n.f. 1 P inform. Tabefe; bofetada. <prega-lhe uma galheta para ele aprender> 2 P Pequeno recipiente de vidro, de cerâmica ou de folha de Flandres, para servir azeite ou vinagre.
galheteiro n.m. P Utensílio de serviço de mesa, onde se colocam as galhetas, e, muitas vezes, recipientes para sal e pimenta.
galho n.m. 1 B inform. Trabalho remunerado ocasional. [Portugal] Biscate. 2 B inform. Situação difícil, espinhosa; complicação. <temos de enfrentar esse galho> 3 B inform. Relação amorosa, extraconjugal ou secreta. <tem um galho com a vizinha> [Portugal] Caso.
galiqueira n.f. P TRAS B NE Doença venérea; sífilis.
gamação n.f. 1 P inform. Furto, roubo. 2 B inform. Paixão amorosa.
gamado adj. 1 P inform. Roubado. 2 B inform. Apaixonado.
gamar v. t. e int. 1 P inform. Furtar sem ser percebido. <gamou-lhe o relógio> 2 B Ficar encantado, apaixonar-se. <gamou pela garota do vizinho>
gandim adj. P inform. Vadio, malandro.
gandula n. 2 g. (D)ESP B O m.q. APANHA-BOLAS (P).
ganga n.f. P Tecido forte de algodão, normalmente em tons de azul, usado muitas vezes em fardas e roupas de trabalho e que se vulgarizou na confeção de vestuário (d)esportivo, em especial para os jovens. <comprei uma calças de ganga na Lois> [Brasil] Jeans.
ganhão n.m. P BALT Criado de lavoura.
ganhó n.m. P TRAS Gomo de laranja.
garçom n.m. B O m.q. EMPREGADO DE MESA (P).
garçonete n.f. B Empregada que serve à mesa ou ao balcão em restaurantes e similares. [Portugal] Empregada de mesa.
garçonnière n.f. B Casa ou pequeno apartamento alugado ou possuído por um homem, detinado a encontros amorosos.
gare n.f. P Local de embarque e desembarque de passageiros e/ou mercadorias; estação ferroviária e/ou marítima.
garfada n.f. B inform. Roubo, furto. <o árbitro garfou a Portuguesa de Desportos>
garfar v. t. B inform. Lesar, prejudicar, roubar.
garganeiro adj. P BALT Ganancioso, egoísta.
gari n. 2 g. B Empregado que se ocupa da limpeza da cidade; coletor de lixo (B). [Portugal] Varredor; almeida (Lisboa inform.).
garina n.f. 1 P EST (Lisboa) Mulher jovem; moça. <essa garina é fixe> 2 P EST (Lisboa) Namorada. <a minha garina não pode vir>
garota /ô/ n.f. B Namorada. t garota de programa B Mulher jovem que se prostitui sem se expor nas ruas como prostituta vulgar, geralmente fazendo contactos por telefone.
garoto n.m. P Café com leite servido em chávena (xícara) pequena. Este é o vocábulo usado em Lisboa e na região Centro-Sul de Portugal. No Norte de Portugal (Porto…) é designado pingo.
gasóleo n.m. P Espécie de combustível, derivado do petróleo. [Brasil] Óleo diesel.
gasolineira n.f. P Posto de combustível; bomba de gasolina (mais usado).
gasolineiro n.m. P Empregado que trabalha num (em) posto de combustível. [Brasil] Frentista.
gata adj. e n.f. 1 B inform. Diz-se da ou a mulher muito bonita. Masculino: gato. [Portugal inform.] Giraça. 2 B inform. Namorada.
gatão adj. e n.m. B inform. Diz-se do ou o homem fisicamente atraente. Também se usa gato. [Portugal inform.] Giraço; borracho.
geladeira n.f. B O m.q. FRIGORÍFICO (P) (‘aparelho’).
gelado n.m. 1 P Iguaria gelada à base de sumos de frutas, cremes líquidos de leite, chocolate, etc., aromatizados e adocicados. [Brasil] Sorvete. 2 P Gelado (sorvete) solidificado que se consome segurando na extremidade de um pauzinho (palito) que o atravessa; gelado de pau. [Brasil] Picolé. 3 B Frio, resultante de condições atmosféricas naturais ou por ação da geladeira (frigorífico, Portugal). <água gelada> [Portugal] Fresco. <água fresca>
geleira n.f. 1 B Enorme massa de gelo que, por ação da gravidade, sofre lentos deslizamentos ao longo de superfícies inclinadas. [Portugal] Glaciar. 2 P Caixa isotérmica portátil que se destina a conservar e a manter frescos bebidas ou alimentos.
genreador /ô/ adj. e n.m. B Que ou aquele que é sustentado pelo(s) sogro(s).
gentarada n.f. B inform. Grande número de pessoas.
gilete n. 2 g. 1 B inform. Aquele(a) que se relaciona sexualmente tanto com homens como com mulheres; bissexual. 2 B inform. pej. Motorista ruim.
ginásio n.m. 1 P Estabelecimento ou sala com aparelhos destinados a exercícios físicos. [Brasil] Academia. 2 B Estabelecimento de ensino. [Portugal] Escola secundária.
gingão adj. P inform. Malandro; abusador; pretensioso. <no campo de futebol, o seu estilo gingão dava nas vistas>
ginja n.f. P Fruto da ginjeira, semelhante à cereja, de cor vermelho-escura e de sabor ligeiramente amargo, com a qual se confecionam alguns doces.
ginjada n.f. P Doce confecionado com ginjas.
ginjinha n.f. P Licor fabricado com ginja, aguardente e açúcar, muito apreciado em Portugal, especialmente em Lisboa. Também se usa apenas o termo ginja. A melhor ginjinha comercializada é proveniente de Alcobaça e Óbidos.
gira adj. 1 P Bonita, linda, elegante. <é uma miúda gira> 2 adj. 2 g. e n. 2 g. B inform. Que ou aquele que é amalucado. <o coitado era gira e capaz de arranjar problema>
gira-discos n.m. 2 núm. P Aparelho elétrico munido de um prato giratório onde se coloca um disco de vinil, cuja gravação é transmitida por colunas. [Brasil] Toca-discos, vitrola.
giro adj. P inform. Palavra polivalente que qualifica pessoas ou coisas com atributos positivos: bonito [miúdo giro]; interessante [um filme giro]; inteligente [ideia gira]; interessante [livro giro], etc. Por vezes, utiliza-se o superlativo giríssimo. t que giro! P interj.  Que engraçado! Que bonito! [Brasil] Que legal! Que massa!
girote adj. P inform. Relativamente giro, bonito, interessante, engraçado, etc.
glaciar n.m. P O m.q. GELEIRA (B) (‘enorme massa de gelo’).
glândula suprarrenal loc. n. MED P Glândula endócrina envolvida por uma cápsula fibrosa e situada acima de cada rim. [Brasil] Glândula adrenal.
gloriosa n.f. B NE (calão) Automasturbação.  
GNR /gê-nê-érre/ sigla P Guarda Nacional Republicana. Equivale mais ou menos no Brasil à Polícia Militar ou à Brigada Militar no Rio Grande do Sul; todavia, tem âmbito nacional e atua apenas diretamente em áreas rurais ou pequenas áreas urbanas. O policiamento das maiores áreas urbanas é da responsabilidade da PSP (Polícia de Segurança Pública).
goiabada n.f. CUL B Doce de goiaba em pasta.
gol /ô/ n.m. 1 (D)ESP B Espaço delimitado, provido de rede, onde a bola deve entrar para que seja gol(o). [Portugal] Baliza. 2 (D)ESP B Tento ou ponto que se marca nos jogos de futebol, andebol, etc., quando a bola transpõe esse espaço do adversário. [Portugal] Golo.
gol contra n.m. FUT B O m.q AUTOGOLO (P).
goleira n.f. FUT B RS O m.q AUTOGOLO (P).
goleiro n.m.  (D)ESP B Jogador que, em futebol, andebol, etc., tem por missão impedir a entrada da bola no espaço do gol (da baliza). O feminino é goleira. [Portugal] Guarda-redes.
golo n.m. P O m.q. GOL (B).
gôndola n.f. B inform. Prateleira ou estante usadas no comércio para exposição dos produtos à venda.
gostosão adj. e n.m. B inform. Que ou aquele que é bonito, atraente e faz sucessos com o sexo oposto; bonitão.
gostoso adj. B inform. fig. Sexualmente apetecível; atraente. <mulher gostosa>
gostosura n.f. B Qualidade do que é gostoso, delicioso.
grama n.f. B Erva rasteira, espontânea nos campos e usada como forragem, ou cultivada em campos de futebol ou noutros espaços. [Portugal] Relva.
gramado n.m. B Terreno coberto de grama. [Portugal] Relvado.
gramar v. t. P Gostar de; estimar. <não gramo esse gajo>
grampeador n.m. B Aparelho para grampear (agrafar) papéis. [Portugal] Agrafador.
grampear v. t. B Colocar grampo (agrafo) em. [Portugal] Agrafar.
grampo n.m. B Peça metálica fina para grampear (agrafar) papéis. [Portugal] Agrafo.
grana n.f. B inform. Dinheiro. [Portugal inform.] Bago.
grande penalidade loc. n. FUT P A falta suprema; penálti (P). [Brasil] Penalidade máxima; pênalti.
gravata-borboleta n.f. VEST B Acessório de vestuário geralmente para uso masculino que se ata em forma de laço à volta do colarinho da camisa. [Portugal] Laço.
graxa n.f. P inform. Elogio interesseiro ou servil. <está sempre a dar graxa à professora> [Brasil] Banha.
grelar v. t. B Fitar apaixonadamente com intenção de namoro; olhar com atenção; observar; espiar. <passou todo tempo grelando a nova colega>
grelo n.m. P Haste da couve ou da nabiça, antes de despontarem as flores.
groenlandês adj. e n.m. B Que ou aquele que é natural ou habitante da Groenlândia (Gronelândia). [Portugal] Gronelandês.
Groenlândia n. pr. B Ilha dinamarquesa do Atlântico Norte. [Portugal] Gronelândia.
gronelandês adj. e n.m. P O m.q. GROENLANDÊS (B).
Gronelândia n. pr. P O m.q. GROENLÂNDIA (B).
greve de zelo loc. n. P Sistema de greve em que se diminui o ritmo de trabalho, sem suspensão das atividades. [Brasil] Operação padrão; operação tartaruga.
grosso adj. e n.m. B Que ou aquele que é grosseiro, ordinário.
grudar v. t. int. e pron. B Unir peças ou pedaços de uma peça com grude; colar; pegar-se.
grude n.m. 1 B Cola feita de farinha de trigo ou de mandioca. 2 CUL B NE Iguaria que se prepara com goma seca e coco ralado levados ao forno e envolvidos numa folha de bananeira.
guarda-cancela n.m. B Indivíduo responsável pela guarda de uma barreira nas passagens de nível das vias férreas.
guarda-fatos n.m. 2 núm. P Armário onde se guarda a roupa de vestir: fatos (ternos, Brasil), camisas, casacos, vestidos…. Também se usa o singular guarda-fato. [Brasil] Roupeiro.
guarda-freios n.m. 2 núm. P Empregado que conduz elétricos (bondes). Também se utiliza o singular guarda-freio.
guarda-lamas n.m. P Peça que, colocada diante e por cima das rodas de um veículo, o protege dos salpicos de lama. Também se usa, mas mais raramente, o singular guarda-lama. [Brasil] Para-lamas.
guarda-meta n.m. B O m.q. GOLEIRO (B). [Portugal] Guarda-redes.
guarda-móveis n.m. B Estabelecimento que recebe móveis em depósito, mediante pagamento.
guarda-redes n.m. P O m.q. GOLEIRO (B).
guarda-roupa n.m.  P O m.q. GUARDA-FATOS (P); roupeiro (B).
guarda-vestidos n.m. P O m.q. GUARDA-FATOS (P); roupeiro (B).
guarda-vidas n. 2 g. B O m.q. NADADOR-SALVADOR (P); salva-vidas; banhista (B S).
gude n.m. B O m.q. BERLINDE (P).
guiador n.m. P Barra provida de punhos que comanda a roda da frente numa (em uma) bicicleta ou veículo similar. [Brasil] Guidão.
guidão n.m. B O m.q. GUIADOR (P).
guincho n.m. B Veículo dotado de pequeno guindaste, usado em geral para rebocar carros. [Portugal] Reboque.
guito n.m. P inform. Dinheiro.
guri n.m. B Criança, menino, moleque (B).

guria n.f. B S Menina, garota, moça. 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

                                              


 Um banco de investimento quer vender projecto de lei a deputado democrata-cristão há 40 anos sem intervenção no plenário da Assembleia da República. Quem é João Félix Filostrato? A que se deve esse silêncio? Em iniciativa mediada pela assessora do grupo parlamentar, Salomé, que promove encontro com o economista-chefe João Félix Exposto, Nádia e o estagiário João Félix, também narrador, sobressai a jornalista Joana, por quem passa a história do eleito por Vila Franca e a solução de alguns enigmas. Na sombra, cresce deputada da oposição, cuja biografia se enlaça na deste. Como se organiza a queda de um anjo? Entre comportamentos oblíquos e identidades sempre esquivas, um deputado-borboleta da extrema-esquerda torna-se vítima de predadoras e perdedoras, que visam vingança em várias frentes.
Quase dois séculos de regime parlamentar e discursos inócuos ou repetitivos reflectem outros tantos passos perdidos que a Constituição de 1975 e legislaturas fracas não transfor¬maram. Reflexão sobre a democracia em semana pascal, esta fábula política é salva, no final, por um bem enredado discurso amoroso.


«Este confirmado romancista teve a coragem e a sageza de satirizar com grande mestria, acutilância e sentido de opalinidade histórica os tempos hodiernos, no geral, e os conluios que sempre se estabeleceram entre política e economia, em particular. Ernesto Rodrigues revela ousadia ao abordar este tema premente na nossa sociedade e ao pôr a descoberto as teias que são urdidas no santuário da democracia e que têm enredado o país, desde as sementes de Abril até ao presente.
O título “Passos Perdidos” só é identificável pela fotografia do espaço homónimo do edifício da Assembleia da República que serve de capa ao romance. No entanto, este título é polissémico, uma vez que perdidos, ou melhor, gorados foram, também, os intentos dos corruptores. 
A obra abre com uma epígrafe retirada da Arte de Furtar, capítulo LX, “Dos que furtam com unhas políticas”, que dá, ab initio, o mote para a trama do romance e permite, segundo cremos, ao leitor inferir o tema a escalpelizar na obra.
Passos Perdidos erguer-se como uma obra fortemente estruturada, visto que é composto por dezasseis capítulos, agrupados em duas partes (cada uma com oito capítulos) – note-se a simetria –, seguidos de um sucinto, mas elucidativo epílogo. Quanto à estrutura, o romance apresenta duas partes: a primeira subordinada ao título “A queda de um Anjo”, que, sem dúvida, faz ressoar na memória literária do leitor a obra homónima de Camilo. Outra ilação que o leitor facilmente estabelecerá prende-se com a associação de ambos os protagonistas. João Félix Filostrato é, de imediato, associado à imagem de Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda. Contudo, esta associação perde nitidez com o título da segunda parte do romance, “Redenção”, indicando, desde logo, uma inflexão de conduta em relação ao modelo literário adotado por Ernesto Rodrigues. Temos, então, uma queda mais metafórica do que real, uma vez que a mesma não passa de um subterfúgio para desvendar o ardil, por um lado, e assumir as responsabilidades pretéritas, por outro.
Que Camilo e Eça, nomeado na obra pelo título do romance “O Primo Basílio” (p. 101), são vultos a quem Ernesto Rodrigues presta contínua e apurada homenagem corrobora-o, para além do que já foi dito, o facto de a intriga do romance ser narrada, nos onze primeiros capítulos, em analepse pela personagem João Felix Exposto. Este narrador/personagem é fruto de uma relação da juventude do deputado João Félix Filostrato, que, também, ignorava este facto. O ritmo cadenciado e preciso da narrativa, mais uma vez a fazer lembrar os dois romancistas do século dezanove, e o desenrolar programado da história prendem o leitor ao texto.
O tempo da ação, à semelhança do que acontece na tragédia, é bastante concentrado em, apenas, nove dias. O narrador desfila diante dos nossos olhos, como se de uma representação teatral se tratasse, os acontecimentos que, efetivamente, vão sendo apreendidos pelo leitor.
Porquê literatura? Porque o romance está pejado de referências literárias tanto explícitas como implícitas. Permito-me, apenas, recordar, não querendo ser exaustivo: Camões, Bocage e Garrett. Termino com a alusão à “Lacailândia”, isto é, Portugal, onde ressoam ecos da obra A Montanha da Água Lilás de Pepetela. 
Todo o romance é um retrato irónico da sociedade atual, lembrando a arma mais eficaz de Eça. É patente a intenção do autor em desvelar a realidade portuguesa atual, recorrendo a truísmos e a provérbios, por vezes alterados, na senda de Saramago, para provocar no leitor a reflexão, durante o ato de ler, e levá-lo, como é apanágio do teatro épico, à ação, no final da leitura.
Concluímos, asseverando que Ernesto Rodrigues não ficou aquém dos dois modelos literários, que se propôs preitear neste seu livro, uma vez que as personagens de Passos Perdidos não destoam das que Camilo perpetuou, nos seus romances. Por outro lado, qualquer leitor mais atento desta obra não hesitará em apelidá-la de queirosiana, devido à forma como a realidade portuguesa atual, filtrada pela ironia, se encontra plasmada nele.» Norberto Francisco Machado da Veiga, Doutor em Literatura Portuguesa, Universidade de Salamanca.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

“As Festas de Inverno e os Mascarados de Valverde”, de Antero Neto

                                        


«"Bô! E em Valverde também há careto?" 
Por estes dias é frequente ouvir isto. Sempre houve. Só que esteve adormecido. Este ano como que ressuscitou. Muito graças ao trabalho conjunto da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Valverde, da União de Freguesias de Mogadouro, Valverde, Vale de Porco e Vilar do Rei e do Município de Mogadouro. Prestei o meu modesto contributo através da redacção do livro "Festas de Inverno e Mascarados de Valverde". Hoje, finalmente, chegou o dia. E lá saiu à rua. Acompanhado pela "Velha" e pelo tocador da caixa. 
Posso afirmar, com alguma pontinha de orgulho, que tudo correu da melhor forma. Os actores souberam incarnar as personagens. A população local aderiu à festa. As entidades organizadoras estiveram à altura do evento. Parabéns a todos, mas, sobretudo, parabéns à aldeia de Valverde que soube reconquistar o seu lugar no mapa dos rituais com máscaras. Da minha parte, resta-me agradecer a todos os que comigo colaboraram nesta saborosa empreitada. Um grande bem-haja.» Antero Neto

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

“Crime Na Universidade” de Pedro Macedo

                                                      

 Quando Edward e a sua equipa do FBI, são chamados à Universidade para resolver um homicídio, nada fazia prever a sucessão de acontecimentos que viriam a acontecer. Com a ajuda de uma bela e sensual jornalista, os agentes precipitam-se numa vertiginosa luta contra o tempo, onde ninguém parece dizer a verdade e todos têm algo a perder.
Pedro Miguel Moura Macedo, nascido em Mirandela em 13 de Setembro de 1979, iniciou os seus estudos musicais na Escola Profissional de Arte de Mirandela em 1991. Concluiu os seus estudos na Escola Profissional de Arte de Mirandela em 1998 e ingressou na Academia Nacional Superior de Orquestra. Em 2001 ingressou no Instituto Politécnico de Bragança, tendo concluído a Licenciatura em Educação Musical em 2006. Desde 2009, é professor de Violino no Conservatório de Música e Dança de Bragança.