domingo, 13 de janeiro de 2013

DICIONÁRIO DE FALARES DO ALENTEJO (NO PRELO)

Aqui vai um cheirinho da nossa  próxima obra, que estará  nos escaparates, em princípio, em fevereiro.



CHAPARRO, s.m. 1 O m.q. chaparrão (3). 2 Azinheira nova ou sobreiro novo. Observação: já assistimos a uma acesa discussão entre alentejanos sobre o significado  de chaparro. A verdade é que não há unanimidade sobre o tema. É uma azinheira nova ou um sobreiro novo? Para a maioria – particularmente no Baixo Alentejo e parte do distrito de Évora -  é uma azinheira nova, sem dúvida. Há até zonas do Baixo Alentejo, como o concelho de Beja, que distinguem o chaparro (azinheira nova de média dimensão) do carrasqueiro (azinheira nova ainda muito pequena). No entanto, há pequenos nichos alentejanos que o consideram um sobreiro. Os nossos amigos de Tolosa, no concelho de Nisa, informaram-nos de que o chaparro designa o sobreiro novo; mas, por vezes, o vocábulo é usado indistintamente – o que confirma a opinião do elvense José da Silva Picão. Em Pé da Serra, também no concelho de Nisa, segundo o nosso informador Francisco Louro, e em Castelo de Vide e Fronteira, o chaparro designa, em exclusivo, o sobreiro. Da mesma opinião é o emérito investigador Leite de Vasconcelos que, no vol. II de Etnografia Portuguesa, p. 61, nos diz o seguinte: « (…) pelo menos no Alto Alentejo, (…) um sobreiro muito novo é um chaparro (…)». Em suma: não nos podemos esquecer de que o Alentejo é muito vasto, existindo grandes contrastes entre, por exemplo, os distritos de Beja e de Portalegre; para além da existência de especificidades locais.
CHAPEIRÃO, s.m. 1 O sol do meio-dia. 2 Chapéu grande (Vidigueira).
CHAPÉU-DE-LOBO, s.m. Espécie de cogumelo comestível (Mora).
CHAPIM, s.m. Pequeno pássaro; cachapim (Beja).
CHAPORREIRÕES, s.m.pl. Sapatos grandes e fortes (GAS).
CHAPORRO, s.m. Cacete (Elvas – TP).
CHAPOTA, s.f. Lenha miúda; ramo das árvores (Alto Alentejo).
CHAQUETA, s.f. Jaqueta, colete (Barrancos).
CHARABÃ, s.m. (do francês char-à-bancs) Carro rural, com bancos laterais, coberto com toldo, que servia de diligência.
CHARAIS, s.m.pl. Campos incultos, caminhos (Évora – PJ).
CHARALDO, s.m. Mato, charneca, descampado (Santiago do Cacém - MJS).
CHARAMBUTADA, s.f. Repreensão, reprimenda (Santiago do Cacém - MJS).
CHARAVANCO, s.m. Carro velho (Portalegre).
CHARAVASCAL, s.m. Campo inculto (Elvas – TP).
CHARAVISCA, adj. Bisbilhoteiro (Reguengos – MGF).
CHARAVISCAL, s.m. O m.q. malateca, pequena herdade (Elvas – JSP).
CHARAVISCADELA, s.f. Acto ou efeito de charaviscar (Baixo Alentejo – MJD).
CHARAVISCAR, v. tr. Rebuscar, remexer, espiolhar (Portel – PJ).
CHARCO, adj. e s.m. 1 Desgraçado; pessoa desprezível. 2 Prostituta (Marvão – TS).
CHAREFRE, s.m. Pequeno lavrador (GAS).
CHARENGA, s.f. 1 Chatice. 2 Coisa vulgar e sem préstimo; algo mal organizado; orquestra ou música muito desafinadas (Baixo Alentejo).
CHAREPE, s.m. 1 O m.q. charefre, pequeno lavrador (Baixo Alentejo). 2 Pequeno seareiro (Elvas – TP). 3 Sujeito desavergonhado, garoto (Portel – PJ).
CHARETA, s.f. 1 Mania, capricho. O tipo tem charetas. 2 Órgão sexual feminino (Serpa).
CHARIMBELHO, s.m. Garoto, criança (Portalegre).
CHARINGÃO, s.m. O m.q. chorrilho e borra-vredas (Serpa – PJ).
CHARINGAR, v. tr. Tramar, encalacrar (Baixo Alentejo).
CHARINGO, s.m. Pastel de massa frita, conhecido em todo o país por fartura (Safara - Moura).
CHARINGUEIRO, s.m. Indivíduo que vende charingos, farturas (Safara - Moura).
CHARNECO, s.m. Pequena ave, mais conhecida por rabilongo (Cabeça Gorda – Beja; Ourique).
CHARNECO, adj. Diz-se do homem sem importância, mas que julga tê-la; impostor; bazófias (Cabeça Gorda – Beja).
CHAROCO, s.m. Frio acompanhado de vento (Cuba).
CHAROLA, s.f. 1 Andor ou padiola onde se transportam pessoas ou santos. Lugar mais elevado de um edifício. 2 Corda. 3 Enfeite floral que se coloca no alto dos mastros dos santos populares (Almodôvar). 4 Vagina (Baixo Alentejo).
CHAROLÁZIO, s.m. Vagina (Baixo Alentejo).
CHAROLEIRO, adj. Diz-se do homem mulherengo (Cuba).
CHARRAMOCHO, s.m. Montão de pedras (Elvas - TP).
CHARRA, s.f. Cigarra (Portel).
CHARRETA, s.f. Carroça (Sta. Vitória do Ameixial – Estremoz – LC).
CHARRINHO, s.f. Carapau pequeno (Alcácer do Sal; Serpa).
CHARRO, s.m. 1 Chicharro (Gomes Aires - Almodôvar). 2 Carapau pequeno (Portel - PJ).
CHARRO-DO-ALTO, s.m. Chicharro (Portel – PJ, que grafa charro do alto).
CHARRUECO, s.m. Charrua pequena e tosca (Cuba; Aljustrel).
CHARUMO, s.m. Sumo.
CHARUTEAR, v. tr. Fumar charuto (Elvas – TP).
CHASMENO, s.m. Soro do almece (Baixo Alentejo - PJ).
CHAVAÇA, s.f. 1 Destruição, estrago (Almodôvar). 2 Indivíduo desordeiro (Almodôvar; Ourique).
CHAVAÇAR, v. tr. Destruir, estragar, partir (Almodôvar).
CHAVÃO, s.m. Sinete para marcar os bolos da amassadura (Castelo de Vide – LV).
CHAVASCAL, s.m. 1 Chiqueiro, pocilga; atoleiro, lamaçal. 2 Algazarra, barulho (Escusa – Marvão – MFS).
CHAVASQUEIRO, s.m. O m.q. chavascal.
CHAVE, s.m. 1 Recanto ou cotovelo de uma belga ou de um terreno (Elvas – PJ). 2 Corno de boi preparado para vasilha de azeite e outros líquidos (Évora; Beja).
CHAVECO, s.m. 1 Coisa sem préstimo. 2 Corno (Mina de S. Domingos – Mértola).
CHAVELHA, s.f. 1 Espiga de pau, que se enfia nas extremidades dos cabeçalhos dos carros, junto da canga (Baixo Alentejo). 2 Peça de ferro que prende a ponta do arado ao apeiro da canga (Elvas – JSP). 3 O m.q. corna (Pavia – Mora).
CHAVELHÃO, s.m. Peça de ferro do arado (Baixo Alentejo).
CHAVELHO, s.m. Cavilha de ferro que prende aos varais as correntes (tirantes) das bestas (Sta. Vitória do Ameixial – Estremoz – LC).
CHEDA, s.f. Prancha lateral do leito do carro rural (Baixo Alentejo).
CHEGADEIRA, s.f. Gancho de ferro para juntar o lume da forja (Sta. Vitória do Ameixial – Estremoz – LC).
CHEGADINHO, s.m. 1 Gripe (Grândola). 2 Certa dança popular (Baixo Alentejo).
CHEGANÇO, s.m. Censura, repreensão; sova, tareia.
CHEICHANO, s.m. Certa pequena ave (Grândola).
CHEIRA-BUFAS, s.m. O m.q. cheira-cus (PJ).
CHEIRA-CUS, s.m. Sujeito metediço (PJ).
CHEIRA-FRALDAS, adj. Maricas (Portel; Évora - PJ).
CHEIRUM, s.m. Mau cheiro, fedor (Baixo Alentejo).
CHELITRA, s.f. 1 Jogo que decorre entre duas circunferências (rodas) cujo objectivo é colocar a chelitra na segunda circunferência, usando um pau ou tábua que, batendo num dos seus bicos, provoca a elevação da mesma e, uma vez no ar, se arremessa para a circunferência mais distante. 2 Pequeno tronco de árvore com as pontas aguçadas, espécie de lápis mais grosso com dois bicos, usado neste jogo (Reguengos de Monsaraz – AB).