Um livro de referência que li em 1989, publicado, na altura, pela D. Quixote, que revolucionou a etnografia portuguesa..
Proprietários, Lavradores e Jornaleiras
Desigualdade Social numa Aldeia Transmontana (1870-1978)
de Brian Juan O’Neill
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 482
Editor: Edições Afrontamento
Com base no
trabalho de campo levado a efeito ao longo de dois anos e meio (1976-78) numa
pequena povoação de Trás-os-Montes (e que incluiu nomeadamente a consulta de
registos paroquiais, róis de confessados e outras fontes históricas locais), o
antropólogo norte-americano Brian Juan O’Neill apresenta-nos neste seu livro
uma imagem completamente nova das estruturas sociais existentes nas aldeias do
Nordeste. O chamado «comunitarismo» - que se julga caracterizar grande parte
das comunidades rurais no Norte do País - é questionado e sujeito a uma
reanálise crítica. Através de três aspectos fundamentais - a posse da terra, as
trocas de trabalho, as práticas de casamento e herança - evidenciam-se formas
de desigualdade institucionalizada que obrigam a pôr definitivamente em causa a
visão tradicional destes aglomerados montanhosos como conjuntos homogéneos
não-estratificados. Esta monografia representa uma nova tentativa no sentido de
conjugar métodos específicos de pesquisa da Antropologia e da História Social.
Brian Juan O'Neill,
antropólogo, formou-se nos EUA e no Reino Unido, estando radicado em Portugal
desde 1982. Os seus projetos de investigação têm incidido prioritariamente
sobre os domínios da antropologia da Europa e do Mediterrâneo (Galiza e
Trás-os-Montes), contemplando temas como as estruturas familiares do
campesinato, o casamento e os sistemas de herança e sucessão. Também tem
elaborado pesquisa sobre as comunidades ciganas e timorenses em Portugal, o
método biográfico e as práticas mortuárias. Mais recentemente, dedica-se ao
estudo da comunidade crioula portuguesa residente no chamado Bairro Português
de Malaca, perspetivando as múltiplas identidades sociais desta minoria de
euro-asiáticos numa dimensão processual e histórica. Situa este caso específico
dentro do contexto mais alargado de outros enclaves de euro-asiáticos no
Sudeste Asiático, bem como no âmbito comparativo da Eurásia, um novo campo de
estudo localizado na confluência da antropologia com a "história
global".
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