Um novo livro do filólogo e historiador,
Manuel José Carvalho Martins, com o título «Chaves Romana – A Via Romana XVII», para além de fazer luz sobre a
primitiva «Aur» ou mais tarde «Aquas», depois «Aquas Flavias» e hoje Chaves.
Livro editado pelo «Grupo Cultural Aquae Flaviae», aponta-nos onde fica (com
grande certeza) a mítica «Ciada» (cidade) ou Caladunm (cidade fortificada) e
provável capital dos Equésios e com os Bíbalos em Vilar de Perdizes, fazem
parte dos 24 povos ou «civitates» do Convento Bracaraugustano.
Manuel José Carvalho Martins, que prefaciou
o meu livro «Falares de Mirandela, com mais de 90 anos, editou a monografia
«Por Aquas Flavias», sobre a cidade de Chaves e região e que tem complementado
com melhorias sucessivas, tendo saído já a 4.ª edição.
O livro, Chaves Romana, veio fazer luz sobre
a História de Chaves e tem dado a conhecer aspectos nunca tratados, com esteio
nos seus grandes conhecimentos de Filologia, pondo-os ao serviço da «janela
luminosa da toponímia», como refere.
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Manuel Carvalho Martins |
A localização de Caladunum tem aparecido nos
locais mais bizarros, pelo que, Manuel Carvalho Martins, lhe dedica um
documentado capítulo, começando pela evolução do topónimo «Gralhas»
(Ciada/Calladunum). Cita uma carta de Távora e Abreu a D. Jerónimo Contador de
Argote, de 14 de Maio de 1723: «Umas ruínas que se vêem por cima de Montalegre,
caindo sobre Gralhas aonde está uma grande povoação arruinada que bem pode ser
Caladunum». Esta tese aproxima-se da apontada por arqueólogos portugueses,
espanhóis e franceses, situando a velha cidade ou Ciada entre as povoações de
Solveira e Gralhas.
A Via de Antonino, de Bracara (Braga) a
Asturica (Astorga), na zona de Chaves seguiria pela Vila de Monforte, Vale de
Armeiro, Vinhais e Soeira, com ramal para a capital dos Zoelas, Castro de
Avelãs (Bragança). Os Zoelas, nossos antepassados, ocupavam as terras até à
margem esquerda do rio Tua na actual Mirandela. Os Flávios, com a capital em
Aquas (Chaves) estendiam-se até à margem direita do rio Tua. De Chaves partia
uma via pela Condeixa, Vilarandelo e Ponte de «Baltelhas».
Os romanos serviram-se das vias peninsulares
existentes, melhorando-as e ligando-as com novas quando o interesse militar e
comercial o reclamavam. Um mapa de Portugal Romano, deixa perceber quão
importante eram os minérios, principalmente o ouro, e paralelo aos filões das
minas de Jales, Três Minas (Vila Pouca de Aguiar), Valdanta (Chaves) e Poço das
Freitas (Boticas), havia as minas de Macedinho (Vila Flor), Vila Verde e S.
Salvador (Mirandela). Assim, Mirandela como lugar, ou lugares, no tempo dos
romanos seria um local de passagem.
O livro de Manuel Carvalho Martins e que
aconselho a sua leitura atenta pode ser pedido à Associação Cultural Aquae
Flaviae (Chaves). Parabéns à Associação Aquae Flaviae por esta importante
publicação e, principalmente, a Manuel Carvalho Martins por este arrojado e
documentado estudo.
Jorge Lage –
09JAN2014