sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sábado, 28 de junho

Terça-feira, 1 de julho

Hoje, na Covilhã

                     

Hoje, na Guarda

Hoje, em Évora

A obra, de António Martins Quaresma, será lançada no âmbito de uma homenagem da Direcção Regional de Cultura do Alentejo ao autor, que será apresentado por Cláudio Torres.
A apresentação da obra ficará a cargo de João Carlos Garcia, professor da Universidade do Porto, e Álvaro Garrido, professor da Universidade de Coimbra, explicará as razões da integração da obra na colecção "Novos Mares", da Âncora Editora.


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quinta-feira, 12 de junho de 2014

segunda-feira, 9 de junho de 2014

OS SERÕES E AS CONVERSAS NA CASA DO TIO ZÉ MADRUGA, por Judite do Céu



   "UM LIVRO DO POVO PARA O POVO"
Coube aos escritores do nosso Romantismo, em meados do séc. XIX, o mérito de terem sido os primeiros a atentar nos tesouros do romanceiro português. Entre eles, Almeida Garret foi incansável na defesa do "grande livro nacional que é o povo e as suas tradições". Um século mais tarde, Jorge Dias salientou a obrigação de salvar tudo aquilo que ainda é susceptível de ser salvo, "para que os nossos netos, embora vivendo num Portugal diferente do nosso, sejam capazes de manter as suas raízes culturais mergulhadas na herança social que o passado nos legou". Hoje, nos alvores de um novo milénio que consubstancia as miragens do "admirável mundo novo" (Aldous Huxley), cabe-nos a ingente tarefa de preservar todo um repositório da cultural popular, sob risco de deixarmos naufragar a arca de Noé das nossas tradições ancestrais. Trata-se de uma herança a legar aos vindouros, nem que seja para assinalar um tempo em que as marcas da identidade popular e regional continham uma visão do mundo que entretanto se esboroou. De facto, a tradição oral, o folclore e os costumes enraizados constituem-se em função de uma visão formulada e partir de um lugar e de uma esfera sócio cultural, o que configura uma identidade própria na relação com os outros, o real e o transcendente. Estamos assim no plano de um património imaterial onde é possível captar, em representações cénicas mais ou menos simuladas, a alma do povo que se procura retratar.
O livro de Judite do Céu Os Serões e as Conversas na Casa do Tio Zé Madruga - Memórias de um passado recente insere-se neste quadro conceptual. Ao reconstituir um espaço onde desfilam encenações várias alusivas aos costumes e à cultura das gentes fozcoenses, a autora optou por conservar a genuinidade das falas, associando-a à autenticidade de uma forma de relacionamento social, protagonizada por personagens reais. 

Assistimos assim a uma representação ao vivo, em que as personagens e os acontecimentos nos remetem para um "passado recente", embora já distanciado da nossa contemporaneidade. Exactamente por isso, este livro assinala uma viragem de culturas, contribuindo cada encenação para avivar o álbum de memórias da história do quotidiano em terras de Foz Côa. O aspecto mais marcante desses quadros é o da linguagem. De imediato damos conta da notação do registo fónico, que individualiza o falar popular e regional da região. Estamos perante fenómenos linguísticos que derivam da transcrição da oralidade, sem filtros nem restauros linguísticos. Por outro lado, como uma análise filológica, semântica e estilística poderia mostrar, certos registos vocabulares correspondem a realidades concretas, devendo por isso ser mantida a dimensão vocabular e a construção sintáctica, aceites como variedade dialectal. O estranhamento inicial perante a abundância das transcrições fónicas - sobretudo por parte de uma população mais letrada ou distanciada da realidade subjacente - é compreensível. Contudo, de forma intencional, a autora pretendeu que esses vocábulos de grafia "deturpada" (por isso em itálico) encontrassem, na sua exteriorização grafemática, a correspondência com a transposição da fala, tal como se pronuncia(va) na zona onde, digamos, decorre a acção. Neste propósito, Judite do Céu pode fazer-se acompanhar de conhecidos escritores, os quais, embora de forma menos recorrente, procuraram reconstituir nas suas narrativas a linguagem falada pelo povo. Entre outros, exemplifico com Hugo Rocha, Nuno de Montemor, Virgílio Godinho, ou, noutro patamar, Aquilino Ribeiro. Quando este último propugnava um "regresso às origens", valorizava precisamente o falar genuíno e defendia, na vertente da literatura regionalista, que o idioma se encontrava puro na aldeia, ou seja. no meio rural. Mas nesta matéria de incidência linguística, teriamos de destrinçar o plano estritamente lexical do plano fónico. E neste, seria interessante explicara evolução dos diferentes registos. classificados pelos especialistas com designações específicas como assimilação/ dissimilação, prótese. metátese. epêntese, aférese, etc. Noutro plano, importa valorizar a dimensão cultural deste conjunto de narrativas. Desde a identificação de locais da nossa geografia sentimental, passando pela referência a topónimos associados a um imaginário colectivo (sejam eles lugares de culto, de festa ou de folia): desde a captação da vivência da religiosidade popular à alusão a cenários telúricos, em que "a cultura da terra" marca o ciclo das colheitas e acentua a dureza, mas também a alacridade, dos trabalhos agrícolas; desde a descrição de actividades profissionais, onde se aprende algo sobre o mister de cada artífice, com seus "pesos e medidas"; desde a genuína "cultura gatronómica" aos rituais entretanto caídos em desuso; desde a caracterização de passatempos e desportos populares ao modo de assinalar acontecimentos no calendário concelhio (o convívio dos "setembristas", por exemplo), até, enfim, à versão antecipada da descoberta das gravuras rupestres -tudo isso vamos retendo na leveza do ritmo narrativo, acompanhado por descrições com pinceladas de humor prazenteiro. Depois, uma análise mais atenta dos textos pode conduzir o leitor à abordagem de aspectos mais profundos, de repercussões sociais e ideológicas, manifestadas em questões de índole social, como sejam o relacionamento parental e interpessoal, os acordos mercantis e salariais, os índices de natalidade ou de emigração, as superstições e as crenças, a valia da sabedoria proverbial. etc. Sendo assim, vista a cultura popular como espelho do quotidiano de terras e gentes, ela possibilita não apenas o conhecimento da História, mas também a transmissão de particularidades de natureza ..antropológica, psicológica e sociológica que importa conhecer e estudar. Honrado com o convite para prefaciar esta colectânea de memórias", proponho, como "filho da terra", uma incursão pelas histórias desse passado, mais próximo, como se compreende, da geraçãode meus pais. Mas o livro. como é intenção da autora, há-de "chegar a todos os recantos onde exista um fozcoense". E serão estes a passar a palavra. porque através da sua leitura partilham recantos da memória rediviva. Felicito, pois, a autora por este empreendimento. Neste caso, como noutros projectos, bem andam as entidades locais quando desafiam a criatividade cultural e preservam a memória colectiva. Não há cultura sem tradição. E as terras de Foz Côa, presentes na galeria do "património mundial", merecem encontrar arautos a pugnar pela divulgação dos seus pergaminhos históricos.

Henrique Almeida (Professor da Universidade Católica de Viseu)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

                                        Foto: “Entre Quem É! – Tradições de Trás-os-Montes e Alto Douro no Diário de Miguel Torga” de Maria da Assunção Anes Morais

Um importante livro que abarca dois aspectos fundamentais e de interesse geral: por um lado, foca tradições específicas da região transmontana, algumas das quais em vias de extinção como, por exemplo, a chega de bois, a vezeira, o forno comunitário, o auto da paixão, a matança, as malhadas; por outro, todo o estudo, levantamento, análise e problematização tem por base os dezasseis diários torguianos. 

“Entre Quem É! Tradições de Trás-os-Montes e Alto Douro no Diário de Miguel Torga” reflecte dois gostos de índole pessoal da autora: por um lado, a admiração pela escrita de Miguel Torga e, por outro lado, o carinho pelas raízes que nos ligam a esta região e a tudo o que lhe diz respeito.
É um trabalho de cariz científico que se encontra dividido em três grandes capítulos intitulados: “Diário e o Diário de Miguel Torga”; as “Tradições de Trás-os-Montes e Alto Douro no Diário Torguiano”; e “O Diário e a obra de Torga nas aulas de Português”.

«o estudo de Maria da Assunção Anes Morais (...) constitui apreciável contributo para o aprofundamento de um dos vectores mais importantes na obra de Miguel Torga (...). Percorrem-se atentamente as centenas de páginas da obra do escritor transmontano e, a partir da sistematização das oportunas e abundantes ocorrências, consideram-se com pertinência e muito cuidado os costumes, as crenças, as festas, as romarias, as composições orais tradicionais (canto das malhas, teatro popular, lendas), tudo quanto, nesse "reino maravilhoso" impressionou o saber e a sensibilidade do médico e escritor, mas, poder-se-á acrescentar, de um muito atento observador de vocação etnográfica, com curiosidade de antropólogo (...)» Prof. Doutor João David Pinto Correia, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do Centro de Tradições Populares Portuguesas

Maria da Assunção Anes Morais – Natural de Chaves, as suas raízes, bem profundas em terras transmontanas e barrosas, são razão suficiente para justificar o seu amor à terra e ao que de mais genuíno se pode encontrar nessas paragens.
Licenciou-se em Humanidades na Faculdade de Filosofia de Braga- Universidade Católica Portuguesa. Estagiou na Escola Secundária/3 Sá de Miranda, em Braga e tornou-se Professora de Português e de Latim.
A paixão pela língua portuguesa e pela literatura leva-a a matricular-se no Mestrado em Ensino da Língua e Literatura Portuguesas, na Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, que concluiu com uma dissertação no estudo da Obra de Miguel Torga e das tradições da sua região.

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[recordamos que temos o compromisso de sempre disponibilizar a obra completa de Miguel Torga: poesias, diários, teatro, contos, romance, ensaios e discursos; também os títulos “Dar Mundos Ao Coração – Estudos sobre Miguel Torga” organização de Carlos Mendes de Sousa, “Miguel Torga – o simbolismo do espaço telúrico e humanista nos Contos” de Vítor José Gomes Lousada, “Miguel Torga – A Força das Raízes (Um itinerário transmontano)” e “Dois Homens num só Rosto – Temas Torguianos” de M. Hercília Agarez, “O essencial sobre Miguel Torga” de Isabel Vaz Ponce de Leão, “Uma longa viagem com Miguel Torga” de João Céu e Silva, “Miguel Torga: O Lavrador das Letras – Um Percurso Partilhado” de Cristovão de Aguiar, “A Viagem de Miguel Torga” de Isabel Maria Fidalgo Mateus, “Miguel Torga – o drama de existir” de Armindo Augusto, “Ser e Ler Miguel Torga” de Fernão de Magalhães Gonçalves; também os álbuns de Graça Morais (“Um Reino Maravilhoso”) e de José Manuel Rodrigues (“Portugal”); “O meu primeiro Miguel Torga” escreveu João Pedro Mésseder, Inês Oliveira ilustrou]

Um importante livro que abarca dois aspectos fundamentais e de interesse geral: por um lado, foca tradições específicas da região transmontana, algumas das quais em vias de extinção como, por exemplo, a chega de bois, a vezeira, o forno comunitário, o auto da paixão, a matança, as malhadas; por outro, todo o estudo, levantamento, análise e problematização tem por base os dezasseis diários torguianos. 

“Entre Quem É! Tradições de Trás-os-Montes e Alto Douro no Diário de Miguel Torga” reflecte dois gostos de índole pessoal da autora: por um lado, a admiração pela escrita de Miguel Torga e, por outro lado, o carinho pelas raízes que nos ligam a esta região e a tudo o que lhe diz respeito.
É um trabalho de cariz científico que se encontra dividido em três grandes capítulos intitulados: “Diário e o Diário de Miguel Torga”; as “Tradições de Trás-os-Montes e Alto Douro no Diário Torguiano”; e “O Diário e a obra de Torga nas aulas de Português”.

«o estudo de Maria da Assunção Anes Morais (...) constitui apreciável contributo para o aprofundamento de um dos vectores mais importantes na obra de Miguel Torga (...). Percorrem-se atentamente as centenas de páginas da obra do escritor transmontano e, a partir da sistematização das oportunas e abundantes ocorrências, consideram-se com pertinência e muito cuidado os costumes, as crenças, as festas, as romarias, as composições orais tradicionais (canto das malhas, teatro popular, lendas), tudo quanto, nesse "reino maravilhoso" impressionou o saber e a sensibilidade do médico e escritor, mas, poder-se-á acrescentar, de um muito atento observador de vocação etnográfica, com curiosidade de antropólogo (...)» Prof. Doutor João David Pinto Correia, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do Centro de Tradições Populares Portuguesas

Maria da Assunção Anes Morais – Natural de Chaves, as suas raízes, bem profundas em terras transmontanas e barrosas, são razão suficiente para justificar o seu amor à terra e ao que de mais genuíno se pode encontrar nessas paragens.
Licenciou-se em Humanidades na Faculdade de Filosofia de Braga- Universidade Católica Portuguesa. Estagiou na Escola Secundária/3 Sá de Miranda, em Braga e tornou-se Professora de Português e de Latim.
A paixão pela língua portuguesa e pela literatura leva-a a matricular-se no Mestrado em Ensino da Língua e Literatura Portuguesas, na Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, que concluiu com uma dissertação no estudo da Obra de Miguel Torga e das tradições da sua região.



Convite


O Presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Eng.º Rui Jorge Cordeiro Gonçalves dos Santos, tem o gosto de convidar V. Ex.ª e Exm.ª Família a assistir à sessão de apresentação do n.º 60 da Revista Tellus e de uma reedição de Postais Ilustrados de Vila Real (complementada com uma exposição sobre as colecções de postais ilustrados editados pela Livraria e Papelaria Branco), que terá lugar no dia 5 de Junho de 2014, a partir das 21h00, no Auditório da Biblioteca Municipal Dr. Júlio Teixeira e no Grémio Literário Vila-Realense, respectivamente.