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Poeta da paisagem, a que se liga pelos laços da sua paisagem interior, religiosamente calmo perante os sucessivos partos da natureza (as espáduas da montanha por onde escorrem tranças de lua; o bailar das sombras na festa do pôr do sol…), António Cabral é, no entanto, um poeta do homem, dessa gente humilde com palavras torcidas em raivas humaníssimas… (…) A crença nas palavras, como quando as canta se prova, grava no poema uma claridade fina, às vezes quente, outras suavemente frágil: Palavras que sejam / O ritmo do sangue / E tenham a altura / Toda duma alma.
[BRITO, Casimiro de – Título do artigo. Cadernos do meio-dia: antologia de poesia, crítica e ensaio. Faro. N.º 4 (fevereiro, 1959)]
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