Sinopse:
… há territórios em Portugal que urgem o trato dos Grandes Historiadores: o triângulo espacial de Entre o Zêzere e o Tejo e a fronteira com o país vizinho é um deles. ¶ Apesar de poder ocupar-se dos fenómenos repetíveis, as cheias, as secas, os sismos, o esgotamento de dados recursos, o trabalho essencial do historiador é a descoberta do homem ator no contexto do passado: o território em que vive e a respetiva administração, os recursos e a sua gestão, a concernente organização social, a esfera cultural e a doutrinária, os imaginários e o numinoso, numa palavra, a saga humana. ¶ À interrogação do estado do espaço beirão em causa nos séculos XII-XIV, a doutora Maria da Graça Vicente responde com um formidável levantamento documental e diz-nos muito. O núcleo do trabalho […] mostra-nos um espaço a repovoar-se nos séculos em causa sob o sistema senhorial e confirma a ideia do movimento Norte/Sul da Reconquista no século XII […]. A organização territorial dependeu: da organização concelhia em que D. Sancho I enquadrou os recém-chegados; das Ordens Militares que auxiliaram a Reconquista; e da Sé Egitaniense, que representava o lastro antigo, visigótico e moçárabe […].¶ Fica, pois, adiante, […] um renovado espelho de um grande pedaço do mundo medieval beirão: como os homens se relacionavam com a terra e esta ditava as suas hierarquias de acordo à dimensão dos recursos explorados. A autora prestou uma particular atenção, nunca antes dada, à Ordem do Hospital, pois os seus territórios cortavam este espaço de leste para oeste, formando um enclave de considerável dimensão, trazendo à colação muita documentação original. ¶ [António dos Santos Pereira, (do Prefácio)] ¶¶ A doação da Idanha e Monsanto, à Ordem do Templo (1165), definiu um espaço imenso entre três rios, o Zêzere, o Tejo e o Erges, seguindo-se a criação do grande município da Covilhã, e outorga do respetivo foral (1186) que alargava os territórios de Portugal nesta região. Seguiram-se duas outras doações que ampliaram, por vezes sobrepondo-se, o campo de acção da “jovem” monarquia portuguesa, nas duas margens do Tejo. Referimo-nos às doações das terras da Guidimtesta (1194) e da Herdade da Açafa (1199) que ajudaram a desenhar um núcleo capaz de ser caracterizado como de senhorial e municipal. Nele foram sendo inscritas as marcas evidentes da presença e esforço das gentes que, na sua apropriação e adaptação ao meio natural, lentamente o transformaram em paisagens humanizadas.Índice:
PREFÁCIOINTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – OS ESPAÇOS FÍSICOS – PATRIMÓNIO NATURAL E CONSTRUÍDO
1. O espaço geográfico
1.1. Locais de passagem
1.2. Condições de defesa e segurança
1.3. A Casa rural e urbana
2. A progressiva ocupação do espaço
2.1. Redes de povoamento
3. O Campo Albicastrense – a presença Templária
4. O “Pinhal Sul” – a presença Hospitalária
5. A Cova da Beira – terras regalengas e poder concelhio
CAPÍTULO II – PRIMEIRA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
1. Forais e Cartas de Povoamento
1.1. Os forais – modelo e normativa
CAPÍTULO III – ECONOMIA E SOCIEDADE
1. Esboço demográfico
2. Origem geográfica dos povoadores
3. Grupos Sociais em Presença
3.1. O Clero
3.1.1. Clero secular/clero regular – relação e conflito
3.2. A Nobreza
3.3. As Gentes
3.3.1. Lavradores e pastores
3.3.2. Almocreves e mercadores
3.3.3. Oficiais: mecânicos e letrados
CAPÍTULO IV – A DIVISÃO DA TERRA
1. Propriedade régia
2. Propriedade da nobreza
3. Propriedade das ordens religiosas
3.1. Ordem do Templo/Cristo
3.2. Ordem do Hospital
3.3. Ordem de Avis
3.4. Mosteiro de Santa Maria da Estrela
3.5. Mosteiro de Salzedas
3.6. Cónegos regrantes
3.7. Convento de S. Francisco da Covilhã
4. A propriedade da Igreja secular
4.1. Sé de Coimbra
4.2. Sé da Guarda
5. A propriedade das instituções de assistência
5.1. Albergarias
5.2. Gafarias
6. A propriedade dos Concelhos e pequenos proprietários
6.1. Concelhos
6.2. Pequenos proprietários
CAPÍTULO V – O TRABALHO
1. Agricultura
1.1. Os cereais
1.2. A vinha e o vinho
1.3. Frutas e legumes
1.4. O linho
1.5. A oliveira
2. Pecuária e pastorícia
2.1. A prática da transumância
2.2. Florestas e incultos – Caça, pesca, apicultura
3. Actividades transformadoras
4. Comércio e seus agentes
4.1. Produtos de compra/venda. As Feiras
4.2. Rotas: mercadores e almocreves
4.3. Rede viária: estradas, caminhos e pontes
CAPÍTULO VI – CULTO E ASSISTÊNCIA
1. Os cristãos
2. Os judeus
3. Cobertura assistencial
3.1. Albergarias
3. 2. Gafarias
CAPÍTULO VII – A RELAÇÃO COM O PODER CENTRAL
1. Intervenção régia e conflitualidade
2. Participação nas Cortes – O diálogo com o Rei
CONCLUSÃO
Siglas e Abreviaturas Usadas
FONTES E BIBLIOGRAFIA
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