domingo, 26 de julho de 2015

A Medicina na Voz do Povo Histórias - crenças e dizeres contados a um Otorrino

                                               A Medicina na Voz do Povo


         Carlos Barreira da Costa, médico otorrinolaringologista da cidade do Porto, decidiu compilar no seu livro A Medicina na Voz do Povo, com o contributo de muitos colegas de profissão e sugestivamente ilustrado, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício da sua prática da medicina.

Eis aqui alguns exemplos:
“Tenho um bocado de bronquite, mas só no escutamento”
“Tenho uma pneumonia pulmonar no pulmão”
"A minha expectoração é limpa, assim branquinha, parece com sua licença espermatozóides"
"Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho"
"Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido"
"Tenho a língua cheia de Áfricas"
"Fui a um desses médicos que não consultam a gente, só falam pra nós"
"Ou caiu da burra ou foi um ataque cardeal"
"A minha pardalona está a mudar de cor"
"Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas"
"Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza"
"Tenho de ser operado ao stick. Já fui operado aos estículos"
"O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã"
“Metade das minhas doenças é desfalsificação dos ossos e intendência para a tensão alta"
"Já tenho os ossos desclassificados"
"Alem das itroses tenho classificação ossal"
"É uma dor insepulcrável""Estou desconfiado que tenho uma hérnia de escala"
"Eu abuso um pouco da água do Luso"
"Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool"
"Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem"
"Eu sou um fumador invertebrado"
"Tive três úlceras: uma macho, uma fêmea e uma de gastrina"
"Fizeram-me um exame que era uma televisão a trabalhar e eu a comer papa"
"Fiz uma mamografia ao intestino"
"O meu filho foi operado ao pence (apêndice) mas não lhe puseram os trenos (drenos), encheu o pipo e teve que pôr o soma (sonda)"
"Tomo uma cábulas à noite"
"Tomei uns comprimidos 'jaunes', assim amarelados"
"Diz lá no papel que o medicamento podia dar muitas complicações e alienações"
"Na minha opinião sinto-me com melhores sintomas"
"Quando eu estou mal, os senhores são Deus, mas se me vejo de saúde acho-vos uns estapores"
"Não há melhor doente que eu! Faço tudo o que me mandam, com aquela coisa de não morrer"
 

Ficha Técnica

quinta-feira, 23 de julho de 2015

GUIA PRÁTICO PARA USO DO HÍFEN

im Vítor Fernando Barros, Gramática da Língua Portuguesa, Âncora Editora

Guia prático para uso do hífen
(nas formações por prefixação e recomposição)
Antes de qualquer palavra: além, aquém, recém, sem, soto, vice, vizo.
Exemplos: além-Mediterrâneo, aquém-mar, recém-casado, sem-vergonha, soto-mestre, vice-presidente, vizo-rei.
Escrevem-se sem hífen as seguintes palavras: sensabor, sensaboria, Alentejo.
Antes de vogal igual e antes de –h: ante, anti, aero, agro, arqui, auto, bio, contra, eletro, entre, extra, geo, hidro, infra, intra, macro, maxi, micro, mini, multi, neo, pluri, proto, pseudo, retro, semi, sobre, supra, tele, ultra.
Exemplos: ante-histórico, anti-higiénico, anti-ibérico, aero-ótica, agro-olivicultura, arqui-irmandade, auto-observação, bio-horta, contra-almirante,  eletro-ótica, entre-escutar, entre-hostil, extra-atmosférico, geo-história, hidro-haloisite, infra-assinado, intra-arterial, macro-história, maxi-hospitalidade, micro-onda, mini-importância, multi-holofotes, neo-helénico, pluri-invenções, proto-histórico, pseudo-herança, retro-ovário, semi-inconsciente, sobre-eminência, supra-axilar, tele-educação, ultra-humano.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: anteproposta, antiaéreo, aeroplano, agropecuária, arquirrabino, autoavaliação, biodegradável, contraespionagem, eletrossiderurgia, entreaberto, extraescolar, geoantropologia, hidroavião, infrassom, intrarrenal, macroeconomia, maxiesperança, microeconomia, miniférias, multifunções, neorrealismo, pluripartidos, protorrenascimento, pseudomédico, retrouterino, semisselvagem, sobressaltar, supracitado, telecomando, ultrassom.
Antes de vogal, -h, -m e –n: circum, pan.
Exemplos: circum-escolar, circum-hospitalar, circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-helénico, pan-mágico, pan-negritude.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: circumpolar, pangermânico.
Antes de -h e –r: hiper, inter, super.
Exemplos: hiper-humano, hiper-rancoroso, inter-helénico, inter-racial, super-homem, super-resistente.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: hipermercado, interescolar, interseção, superabundância, superleve.
Antes de -h: co.
Exemplos: co-herdeiro, co-hipónimo.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: coautoria, coexistência, coobrigação.
Nas formações com prefixos tónicos acentuados graficamente, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): pós, pré, pró.
Exemplos: pós-eleitoral, pós-graduação, pós-tónico, pré-aviso, pré-escolar, pré-natal, pró-africano, pró-europeu, pró-independência.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: pospor, prever, promover.
Quando tem o sentido de estado anterior ou cessamento: ex.

Exemplos: ex-aluno, ex-deputado, ex-presidente.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: excêntrico, exportar.
Antes de vogal e antes de –h: mal, bem.
Exemplos: mal-agradecido, mal-estar, mal-humorado, bem-agradecido, bem-estar, bem-humorado.
Observação: o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante: bem-criado, bem-ditoso, bem-fadado, bem-falante, bem-nascido, bem-querer, bem-soante, bem-vindo, bem-visto.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: malcriado, malfeitor, malvisto, benfeito, benquerença.

Antes de –b, –r e de -h: sub.
Exemplos: sub-bibliotecário, sub-região, sub-hepático.
Escrevem-se sem hífen, entre outros casos, as seguintes palavras: subaquático, subinspetor.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

                                                     


 A. M. Pires Cabral (n. 1941), premiado autor com mais de cinquenta obras publicadas – entre poesia, conto e romance –, é um artesão da linguagem e memória vivencial de Trás-os-Montes, trazendo na sua escrita um encontro invulgar entre a anafada antiguidade e a irónica modernidade. O leitor, desafiado no seu próprio espírito inventivo, não deixará de ser levado pela curiosidade que o autor, tão habilmente, lhe vai aguçando:
«... chegado a meio, diz o Leitor, com ar de quem descobriu a pólvora: já sei como isto vai acabar.
O autor assume isso, mas vai avisando que tem cartas escondidas na sua manga de prestidigitador.» [A Navalha de Palaçoulo]

Constituem a obra dez narrativas, na maioria relativamente breves, cuja acção vai geralmente avançando em direcção a um desfecho inesperado ou surpreendente. Os títulos: “Mistérios da polissemia”, “O Poeta”, “A caixa”, “O preço”, “O meio-termo”, “O cozinheiro calista”, “Um dedo a menos”, “Um tão longo namoro”, “Uma viagem na Linha do Tua” e o que dá o título ao livro, e mais extenso de todos, “A navalha de Palaçoulo”.
                      


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Inverno Mágico – Ritos e Mistérios Transmontanos, António Pinelo Tiza lança o Volume II e reedita o Volume I


Inverno Mágico – Volume I 

Tempo e espaço são dois elementos essenciais a qualquer estudo antropológico ou etnográfico.
Neste contexto, os ritos festivos do Inverno Mágico – Volume I acontecem no tempo cíclico da estação que, no espaço da Terra Fria do Nordeste Transmontano, se inicia no mês dos Santos e se prolonga até aos alvores da Primavera. São ritos de culto aos mortos, festas solsticiais herdeiras das antigas Saturnais, ritos de passagem de uma a outra idade na vida dos jovens iniciados, mascaradas de esoterismo espontâneo e funcional, festas da fertilidade ou de culto ao pão, bacanais das Calendas de Janeiro, libações, comidas comunitárias e celebrações dos prolegómenos da tão ansiada Primavera, com a ritualidade que a práxis cristã e medieval determinam e que ciclicamente se cumpre.

Por tudo isto, é justamente este o mais emblemático ciclo festivo deste “reino maravilhoso”. O clima rigoroso, as neves e geadas de rachar, as terras de montanha e de povoamento concentrado forçam o aconchego do lar e o convívio comunitário, carregado de ritos ancestrais de uma magia tão profunda que só aquele que os vivencia os poderá assimilar em toda a sua plenitude. O autor deste livro, sendo um filho desta terra, aprofundou o conhecimento destes rituais através do método que os antropólogos designam de investigação-acção, ao longo de três décadas de vivências conjuntas com aquelas comunidades que teimam em manter vigentes estas tradições milenares.

Inverno Mágico – Volume II

No decurso da década seguinte à publicação do Inverno Mágico, foi o autor constatando que “outros ritos e mistérios” persistiam em celebrar-se com força e vigor. Sentiu, pois, que muito havia para fazer/pesquisar. Da continuação dos trabalhos de campo resultou uma reflexão sobre o evoluir da práxis decorrente da contemporaneidade, constatada nas novas tecnologias da comunicação, da revitalização de celebrações perdidas ou da introdução de encenações que, embora radicados na tradição, se orientam agora para a inevitável “turistização”.

Rituais perdidos que renasceram ou que ganharam uma dimensão nunca sonhada, adequação de celebrações festivas à modernidade, reconstrução de ritos de inspiração antiga, de tudo um pouco ocorreu nesta década do pós-Inverno Mágico. O aprofundamento dos ritos “esquecidos” no primeiro volume é neste uma constante, a par de algumas revelações. Era inevitável que assim fosse; num território tão vasto e tão rico, nem tudo era possível conhecer e muito menos aprofundar; a sua coincidência no tempo cíclico exige mais tempo para a todos acorrer; provavelmente, este processo de reconhecimento não terminou. Assim, os ritos de entrada na estação escura consolidam os anteriores da lenha dos Santos, acrescidos das celebrações do vinho novo; outras festas solsticiais (antes adormecidas) renasceram e as mesinhas do milagroso e mártir Sebastião ganharam agora um vigor nunca antes visto. Como consequência destes fenómenos, o presente Inverno Mágico alargou o seu âmbito espacial a uma boa parte do território de Trás-os-Montes; o seu tempo cíclico prolongou-se até à Semana Santa que, sendo movediça, se celebra ainda no Inverno (o transmontano) que neste “reino”, é de “nove meses”. E, acima de tudo, mágico.  

Titulo: Inverno Mágico (2 volumes)
Autor: António Pinelo Tiza
Editora: Âncora Editora
Preço:19,00 € cada volume  
                      


Da sua passagem por Timor guarda as melhores recordações, que agora partilha com todos neste livro, que é igualmente um documento histórico, pelo texto e pelas imagens inéditas de Timor dos inícios dos anos 1960.
Produto n.º: AD257

Preço de capa: 20,00 €
Editora: Arandis
                             Morada:
Rua Camilo Castelo Branco Nº 26
Albufeira
8200-276 Albufeira
Contacto Telefónico:
(+351) 919 966 986
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Ler mais: http://www.arandiseditora.pt/products/memorias-de-timor/